Artigos  •  Noves Fora  •  Notícias

Você está em  Artigos

ver artigo
https://www.contraponto.net/artigos/o-que-e-ser-voluntario/
https://www.contraponto.net/artigos/o-que-e-ser-voluntario/
Se gostar deste texto, ajude a propagar estas ideias compartilhando nas redes sociais. Obrigado.
https://www.contraponto.net/artigos/o-que-e-ser-voluntario/
https://www.contraponto.net/artigos/o-que-e-ser-voluntario/
Se gostar deste texto, ajude a propagar estas ideias compartilhando nas redes sociais. Obrigado.

  01/04/2017  •  Mundo animal | Sociedade  •  1193 hits  •  0 comentários ⇣

O que é ser voluntário

Num planeta como o nosso que a cada dia se torna menor para nós humanos (e, consequentemente, para outros seres também), cada vez mais temos que repensar em como administrar as distorções criadas pela nossa "evolução". O Governo - cuja existência só se justifica se tiver uma função social - nem sempre se preocupa em resolver os problemas criados por nossa civilização, deixando uma parte desta tarefa para nós, cidadãos. Não que tenhamos obrigação de resolver esses problemas, mas as esferas que foram designadas para isso (os governos federal, estadual e municipal), infelizmente, deixam muito a desejar. Mas, enquanto seres que são capazes de reconhecer que existem outros seres, humanos ou não, que estão numa situação mais carente e necessitam de uma atenção mais especial, podemos tentar, nós mesmos, amenizar uma fração dessas carências. 

O trabalho de voluntário é reconhecido pela LEI Nº 9.608, que funciona como uma regulamentação para o caso de pessoas que atuam em empresas, sejam elas públicas ou privadas. Após um termo de adesão a empresa fica isenta de qualquer vínculo empregatício e, se achar conveniente, pode entregar algum tipo de certificado em reconhecimento ao trabalho prestado ou, ainda, ressarcir o voluntário por alguma despesa qualquer. Há pessoas, inclusive, que aproveitam o serviço de voluntário para manter o primeiro contato com a empresa e estabelecer uma relação de proximidade caso, no futuro, participem de algum processo de seleção. Outros, eu sei, participam para poder colocar fotos em redes sociais para passar uma imagem positiva e conseguir "likes" que - além de aumentar a autoestima - fazem a pessoa ser vista como alguém especial. Mas, a despeito dessas demonstrações de segunda intenção, ser voluntário, é, antes de tudo, uma atitude nobre. É, na minha opinião, um tipo de trabalho que não deve ser feito se esperando alguma forma de recompensa, notoriedade ou gratidão e, muito menos, um novo emprego. Como eu costumo dizer: "Faça o bem, sem olhar a quem, sem ganhar um vintém e sem propalar a ninguém.". Seja simplesmente capaz de pensar no próximo - ou, quem sabe, no distante - sem achar que deve ser vangloriado por isso.

Assim sendo, ser voluntário é antes de tudo ser compromissado. É entender que o seu trabalho com quem está sendo ajudado não acaba após a primeira ação. O trabalho de voluntariado pode envolver diversas etapas ou ações e pode ter a necessidade de se tornar uma coisa contínua. Demonstramos nosso compromisso e nosso real interesse em ajudar fazendo deste novo trabalho parte inerente de nossas vidas. Quando assumimos um trabalho voluntário, nossa vida deixa de ser uma para se tornar uma outra, melhor, acredito eu, e que deve ser reorganizada para comportar esse novo gasto de tempo e de energia. Não é coisa de gente desocupada. Pelo contrário, é, normalmente, coisa de pessoas que já têm alguma ocupação e se dedicam a dispor de um tempinho a mais para ajudar seu semelhante, ou até, seu diferente. 

Trabalho voluntário também não é esmola. A gente não pode achar que quem recebe nossa ajuda tem que dar graças a Deus porque estamos ali, voluntariando uma única vez. Assumimos um pacto informal, mas assumimos. Portanto, temos que abraçar a causa como esta se fizesse parte inerente do nosso viver. Quem recebe nossa ajuda não toma banho uma vez por ano, nem se troca uma vez por mês, nem se alimenta uma vez por semana. Na medida do possível, temos que ser assíduos com o trabalho porque aquelas pessoas (ou animais) que dependem da gente contam com nossa ajuda regular pra satisfazer suas necessidades de sobrevivência.

Há algum tempo atrás eu fui voluntário da ABPA, a Associação Brasileira Protetora dos Animais - seção Bahia, nas feirinhas de adoção. O trabalho da Associação consiste em dar assistência e abrigo a animais abandonados e, posteriormente, encaminhá-los para adoção. A sede aqui em Salvador é o Abrigo São Francisco de Assis, e lá podem ser encontrados cães e gatos. Uma parte deles já está tratada (vacinada, vermifugada e castrada), enquanto outra parte está em tratamento, inclusive, se recuperando de maus tratos (alguns dos animais, em estado delicado). No meu caso, o trabalho consistia em ajudar a descarregar os animais do veículo, arrumar os espaços onde eles iriam ficar, auxiliar na montagem dos stands da feirinha e limpar as caixinhas de transporte. Chegava sempre antes das oito da manhã (aos domingos) e saía às dez, quando os outros voluntários já estavam chegando. Era trabalhoso, mas imaginar que eu fazia parte de uma ação que iria minimizar os problemas dos animais sem dono, fazia valer a pena. Após o falecimento de meu cachorro, Rick, dei um tempinho do voluntariado, mas a intenção é retornar assim que a saudade suavizar e eu me sentir mais à vontade.

Mas antes que me perguntem porque eu procurava ajudar animais e não gente, eu explico: eu já ajudava, também, na distribuição de alimentos e roupas para pessoas em situação de rua, ação que acontecia uma vez por mês, em alguns bairros daqui de Salvador. Mas me empenhava mais pelos animais porque não existe programa de governo que os ampare, e as leis brasileiras (e a Justiça) ainda deixam muito a desejar. São criaturas indefesas, sem maldade, que foram inseridas em nosso convívio por nós mesmos, e as que estão na rua ficam à mercê de qualquer coisa. A última pesquisa que eu vi, há alguns anos, estimava um montante de 100 mil animais abandonados nas ruas de Salvador. É um número grande e que não vai diminuir se ninguém se mobilizar.

Em resumo, para tentar minimizar os problemas sociais, precisamos realizar algum tipo de ação. Precisamos ter uma coisa chamada “atitude”. Falar e expor ideias e pontos de vista é importante, mas não solucionam os problemas de fato. O que soluciona são ações, que podem ser traduzidas em doar força de trabalho ou doar dinheiro. Eu dôo os dois, dentro dos meus limites e, independente da certeza do resultado, acredito que isto surta mais efeito do que apenas reclamar dos problemas e desconfiar das pessoas envolvidas. Por isso, é importante tomar consciência e procurar sair da costumeira zona de conforto. E, em nenhum momento cobrar de ninguém quando não fazemos a nossa parte. NUNCA, jamais em toda sua vida sugira ou cobre de qualquer pessoa participação em trabalhos voluntários se você não fizer antes o seu. Faça a sua parte primeiro para ter respaldo, depois, para cobrar de alguém. Aliás, é bom ter a ciência de que ninguém tem obrigação de nada, portanto, não é obrigação de nenhum ser humano fazer qualquer coisa que possa beneficiar qualquer outro ser vivente, mas se você realmente se importa com a melhoria de nossa sociedade como procura demonstrar em palavras, então acredite que agir resulta em muito mais do que falar e que desculpas não constróem soluções.

Além de tudo isso, temos que ter em mente que, cada um escolhe a causa que bem lhe convier. Se você quer ajudar animais, está trabalhando em cima da ação que você acredita. Se quer ajudar idosos, também. Se quer ajudar drogados, idem. Nenhuma pessoa pode cobrar que você se dedique à atividade social que ela acredita. Se essa pessoa acredita na ajuda aos moradores de rua, não pode dizer para você fazer isso. Ela tem que dizer para si mesma - e a partir daí, se mobilizar. Se o tempo, a energia e o dinheiro dispendidos são seus, só você pode escolher sua causa social.

Enfim, essa noção de compaixão tem que partir da nossa consciência e do nosso coração. Nossos pais ensinam que devemos estudar para sermos alguém na vida, mas eles não dizem que devemos ser alguém para ajudar um outro alguém. A construção familar do nosso caráter nem sempre passa pela consciência social, portanto, essa percepção tem que partir de nós, do nosso entendimento do que seja uma sociedade mais justa. E o quanto nós podemos ajudar vai ser determinado pela nossa disponibilidade de tempo e energia (ou até de dinheiro). Mas o importante é não ficarmos parados, pois pessoas e animais menos favorecidos, em algum lugar, estão precisando de nossa ajuda.

Fazer a nossa parte é sempre mais eficaz que esperar pela parte dos outros. Atitude-se!

Informe-se:

LEI Nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998
Wikipedia - Trabalho voluntário
Voluntarios - O que é voluntariado?

Voluntarie:
Associação Brasileira Protetora dos Animais – seção Bahia
Cidade da Luz - Salvador-Bahia
NACCI - Núcleo de Apoio ao Combate do Câncer Infantil - Salvador-Bahia



COMENTÁRIOS
Clique aqui para fazer o seu
Novo comentário
Nome

E-mail (não será mostrado, mas será necessário para você confirmar seu comentário)

Comentário (de 1000 caracteres)
Nota: antes de enviar, certifique-se de que seu comentário não possui ofensas, erros de ortografia ou digitação, pois estará sujeito a avaliação e, também, não poderá ser corrigido.

Seja o primeiro a comentar este post.

      
Design e desenvolvimento