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  11/11/2018  •  Sociedade  •  1946 hits  •  0 comentários ⇣

O que é exemplo e porque nem sempre, de fato, ele é

"Educação se faz com exemplos!". Por diversas vezes na vida ouvimos esta afirmação que, com certeza, é uma crença de milhões. Acredita-se que exemplos podem transformar as pessoas, educá-las e, em consequência, melhorar seus comportamentos. Daí, a incessante repetição dessa frase, que carrega, inclusive, uma certa carga moral. Mas, educação realmente se faz com exemplos ou isto é apenas um ponto de vista? Exemplos realmente têm o poder de educar? E, afinal de contas, o que seria um exemplo? 


Exemplo, segundo uma das melhores definições do site Dicio, significa: "Situação da qual é possível se tirar um ensinamento ou serventia" - conceito que soa bastante preciso, afinal, o objetivo de um exemplo é, justamente, ensinar alguma coisa. Exemplos, além desta função, podem ainda ser utilizados como esclarecimento ou apoio em alguma argumentação, desde quando, apenas pela explicação, não seja possível se ter uma clareza sobre o objeto que está sendo abordado. Abaixo,  exemplo de afirmação que pede como reforço outros exemplos: 


"O rock é uma música rápida e enérgica". 
Exemplos:  
• Tutti Frutti - Litle Richard/Elvis Presley - 1955 
• (I Can't Get No) Satisfaction - Rolling Stones - 1965 
• Rock and Roll All Night - Kiss - 1975 
• Walk Of Life - Dire Straits - 1985 
• Alright - Supergrass - 1995


Neste caso, como exemplos para o enunciado, utilizamos cinco citações de músicas estrangeiras que, por serem muito conhecidas e por terem uma década de diferença entre si, podem tornar mais fácil o entendimento do que seria o gênero musical "Rock" (para pessoas de idades diversas e que, incrivelmente, ainda não o conheçam pelo termo). Através das citações, podemos "visualizar" melhor o que está sendo explicado. Elas são o reforço prático da explicação. 


O exemplo, salvo quando assume essa função de citação (que tem o objetivo primário de esclarecer), é algo de caráter essencialmente subjetivo. Quando o Dicio afirma que exemplo é uma "Situação da qual é possível se tirar um ensinamento ou serventia", está colocando que, se é possível, então é certo que existe uma possibilidade, porém, não é certo que exista uma certeza. 


Com efeito, a percepção do que pode ou não ser um exemplo é muito mais de quem recebe do que de quem supostamente o dá. É garantido, em virtude disso, que podemos tomar qualquer coisa como exemplo, independentemente, se quem deu este "exemplo" o fez propositalmente ou não. Assim sendo, "um exemplo que se dá" nem sempre é um exemplo que, de fato, está sendo dado. Sendo mais prático, o exemplo que parece estar sendo dado pode ser, apenas, um fruto do nosso "achismo". 


A todo momento, em nossas vidas, estamos fazendo alguma coisa que se relaciona à vida de outras pessoas. Estamos sempre fazendo algo que, se não for uma necessidade circunstancial (como, por exemplo, um assaltante roubar seu dinheiro porque está com fome), é algo que acreditamos que seja certo (como, por exemplo, tomar uma cerveja com amigos depois do trabalho). Veja que a pessoa que lhe assalta na rua não está dando um mau exemplo (o que não se deve fazer). Ele está garantindo sua sobrevivência. Da mesma forma, quando você sai para tomar uma cerveja depois do expediente, não está dando o mau exemplo de que as pessoas devem se alcoolizar. Você está se distraindo. Um profissional da subtração pecuniária alheia (vulgo ladrão) pode não estar no direito de levar seus pertences, mas ele o faz porque seu "trabalho" consiste nisso. De igual modo, você está no seu direito de decidir sobre o que faz em relação seu divertimento pessoal (o que inclui tomar sua cerveja), independentemente (até certo ponto) de como isso interfira na vida dos outros.


E quando você faz coisas que acha corretas para sua vida, você não está dando exemplo para ninguém. Você está somente vivendo sua vida. Exemplos: 


1 - Você acorda de manhã, toma banho e escova os dentes. 
2 - Você sai de casa para trabalhar. 
3 - Você trabalha em sua empresa de forma correta. 
4 - Você conta algumas piadas no trabalho. 
5 - Você volta para casa correndo para fazer suas coisas. 


Se a gente for analisar cada item, vai perceber que, em cada um, o que você fez era o que deveria ser feito - ou que você achou correto. Portanto: 


1 - Você não tomou banho e escovou os dentes para dar exemplo para seu filho de que isso é o certo. Você o fez porque acha melhor sair de casa limpo. 
2 - Você foi trabalhar porque precisa ganhar dinheiro - e não para mostrar às pessoas que o trabalho dignifica o homem. 
3 -  Você tem que trabalhar certo na sua empresa porque, se trabalhar errado, pode ser demitido. 
4 - Você conta piadas para relaxar o ambiente - e não para dar o mau exemplo de que o trabalho não precisa ser levado a sério. 
5 - Você volta para casa correndo porque tem coisas a fazer - e não porque resolveu dar exemplo de falta de educação no trânsito. 


Veja que todas as pessoas, no seu dia a dia, são capazes de fazer coisas que, a depender da percepção de cada um, podem ser consideradas bons ou maus exemplos. A gente não tem como controlar isso. Na verdade, em certas circunstâncias, podemos até perder o controle sobre nós mesmos, fazer coisas ruins, nos condenarmos depois (quando estivermos de cabeça fria) e, se víssemos outras pessoas fazendo o mesmo, nunca tomaríamos como exemplo. 


Por isso, é discutível quando vemos pessoas fazendo coisas ou se portando como a gente não gosta e ficamos dizendo que aquilo é um mau exemplo para a sociedade. As pessoas estão, simplesmente, fazendo as coisas que acham que é certo. Elas não estão querendo dar exemplos. 


Quando o ladrão rouba, quando você trabalha, quando alguém toma cerveja, quando um casal vai ao motel, quando uma mulher usa minissaia, quando um esportista toma um suco, nada disso, necessariamente, pode ser considerado como exemplo, porque, quem o faz, não teve o objetivo de que sua ação fosse referência para ninguém. O objetivo dessas pessoas é realizar suas ações por uma questão de necessidade ou de bem estar. Elas não agem com o intuito de que os outros as imitem. Se elas assim o fizessem, estariam tendo de se controlar o tempo inteiro para que o que fosse feito não pudesse ser tomado pelos outros como atitudes ruins a serem copiadas. 


Mas existem, sim, situações intencionais em que as pessoas dão exemplos. Exemplos: 


• Quando o pai evita falar palavrões em casa, mesmo que fale muitos palavrões no trabalho, está tentando passar bom exemplo para o filho, está tentando mostrar que isso não é coisa que ele (o filho) deveria fazer, e isso (da parte do pai) é proposital (por mais incoerente que possa parecer). 
• Da mesma forma, se outro pai leva o filho para um mutirão em que as pessoas vão à praia catar lixo, está, propositalmente, tentando mostrar ao filho (ou até a seus parentes) a importância de se preocupar com o meio em que vivem.


Nestes dois casos, a tentativa de passar um exemplo são intencionais (se as pessoas vão absorvê-los, já é uma outra questão). Podemos, então, dizer que esses pais estão tentando "dar o exemplo".


Mas, podemos realmente ser influenciados por outras pessoas mesmo que essa influência não seja intencional. Só que, para que essa influência aconteça, devemos permitir. Deve haver alguma coisa na atitude do outro que nos encante ou que se mostre uma verdade, algo que devemos incorporar pelo fato de parecer correto (ou até o ideal) para nossas vidas. Nesse caso, podemos dizer que "seguimos o exemplo" de alguém. 


Seguir exemplos depende muito mais da disposição de quem segue do que de outros fatores como cultura ou faixa etária. Desde crianças somos influenciados por nossos irmãos, amigos, pais, artistas e até indivíduos que vemos pelas ruas. E quando crescemos também recebemos influência de pessoas que fazem coisas que nos atraem, coisas que possamos nos espelhar, porém, calcados em nossa maturidade, podemos avaliar melhor o que nos parece bom. No caso dos filhos, talvez pela sua falta de maturidade, os pais sempre enxergam em indivíduos de comportamento "suspeito" (ou que, aparentemente, não estejam em consonância com suas convicções morais), exemplos de mau exemplo para seus pequenos. 


Perguntas como "Onde foi que eu errei?" atribuem indiretamente a culpa do comportamento do filho para os pais quando, esta culpa, não é, necessariamente, deles, afinal, o filho pode não se sentir à vontade para tomar seu exemplo (dos pais) como exemplo para sua vida (do filho). E se, de modo contrário, estes pais obrigassem o filho a seguir seu exemplo, estariam tolhendo a sua (do filho) liberdade de indivíduo, seu direito de escolha, afinal, crianças também têm inteligência e poder de decisão e, ao contrário do que seus pais imaginam, podem rejeitar nos outros o mesmo que seus pais rejeitariam por já terem uma impressão para elas mesmas do que não é bom. 


Por isso, o ideal é tentar entender que exemplos nem sempre são exemplos. O que chamamos de exemplo pode ser apenas a expressão de uma individualidade, seja na maneira de se vestir de alguém, seja na sua maneira de se comportar, em como deixa transparecer sua sexualidade, sua maturidade ou imaturidade em relação a determinados assuntos, enfim... as pessoas estão sendo o que elas são. Se essas coisas podem ser consideradas erradas, isso pode, simplesmente, depender de um ponto de vista pessoal ou de alguma avaliação calcada numa regra moral. Daí a subjetividade do que pode ser considerado um exemplo. 


Imagine se, por um motivo qualquer, as pessoas resolvessem lhe tomar como exemplo. Você se sentiria à vontade com isso? Você se sentiria na obrigação de atendê-las? Você faria um controle de suas ações para que os outros passassem a lhe enxergar como um bom exemplo? E com que autoridade eles definiriam que você seria um exemplo para alguém? 


Então, é bom ter na cabeça que um exemplo para ser efetivamente um exemplo, deve existir sempre dentro de uma condição de reciprocidade. Caso contrário, o que se supõe ser um exemplo é apenas uma especulação pessoal. 


Pessoas tatuadas ou de roupas rasgadas, travestis, homens de brinco na orelha, mulheres de microssaia, indivíduos muito retraídos ou de linguajar desbocado, torcedores fanáticos... todos podem simbolizar exemplos a serem seguidos (por quem se sinta representado) e, ao mesmo tempo, podem representar nada que seja representável (a depender de quem os rejeite). E o fato de serem pessoas que fogem dos padrões esperados, não determina que sejam pessoas que têm problemas de convívio social. Pelo contrário, a depender de suas características particulares, alguns desses indivíduos podem ser ótimas pessoas para se conviver. 


Estes indivíduos continuarão vivendo suas vidas normalmente, independentemente de como os outros os enxerguem, simplesmente porque, (assim como você) não podem se controlar o tempo inteiro sentindo-se na obrigação de passar para a sociedade o que esta espera deles. E antes que se possa achar que estão dando algum tipo de exemplo, eles (assim como você) estarão apenas vivendo suas vidas e, é lógico, dentro do seu direito de ser o que são. 


 


Complemento:  
O que é - Exemplo
Dicio - Exemplo
Melhor com saúde - A melhor maneira de educar 


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