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  20/03/2018  •  Sociedade | Língua  •  200181 hits  •  175 comentários ⇣

Denegrir. Palavra racista?

Este artigo sofreu uma reformulação em 01/01/2024 em virtude da imprecisão em relação à percepção atual sobre o termo negro para a população em geral no Brasil, o que tornou necessário, portanto, dividí-lo em três partes: a primeira se refere à argumentação do texto antigo, revista e ampliada. A segunda, quase toda nova, aborda o vocábulo negro propriamente dito e, a terceira, propõe uma conclusão (e também traz uma parte do texto antigo). Desse modo, todos os comentários postados até o dia 31/12/2023 se referem muito mais à primeira parte e, os comentários mais novos, ao artigo todo a partir desta nova data de atualização. 



1º PARTE – A PALAVRA DENEGRIR


Introdução


Desde novo, sempre tive uma afinidade natural com palavras. Sempre decorei os nomes das pessoas, sempre prestei atenção nas “maneiras corretas” de se falar as coisas e sempre fiz piadas - nem sempre muito engraçadas - baseadas em trocadilhos.  Mas só passei a levar a línguagem verbal como uma coisa mais séria quando isso passou a valer ponto nas aulas de português do 1º grau – na parte de Redação (para ser mais preciso). De qualquer modo, sempre me desenvolvi mais na área artística e só passei a estudar sobre línguas e linguagens diversas (além de linguística) anos depois.


Pois bem, certa vez, acessando o Facebook (rede social que, na época, era a coqueluche das manifestações politizadas), li uma postagem de um amigo já de muitos anos que comentava sobre a importância da etimologia e da possibilidade da palavra denegrir ser um termo racista. Pela internet, já tinha me deparado com situações similares (relacionadas a termos e expressões), como no caso a tão injustiçada palavra logomarca, bastante conhecida (e ainda discriminada) na minha área de comunicação visual e cuja rejeição - totalmente sem base - também é pautada na etimologia.


Usualmente, eu evito enxergar as coisas de uma maneira que pareça preconceituosa ou, até mesmo, revanchista (provavelmente, como você também faz), pois sei que o ideal é tentar se chegar a uma percepção mais lúcida sobre os fatos e questões com os quais temos contato. Desta forma, se evita algum tipo de injustiça, principalmente, com quem não tem condições se defender (como uma palavra, por exemplo, objeto deste artigo). Mas só se consegue esse tipo de visão se a gente se esforça para transcender toda essa carga de informações e ideias negativas que, aos poucos - e por motivos diversos -, vão sendo naturalizadas em nossa consciência. É um processo de reeducação que só com o passar do tempo logra êxito e que depende diretamente de nossa predisposição em mudar. 

Voltando à postagem de meu amigo, aquele raciocínio - de considerar (mesmo com boas intenções) denegrir uma palavra racista - me pareceu um pouco superficial e acabei me posicionando contra. Como é provável de se imaginar, “choveram” comentários contestando o meu. Eu sei que as pessoas, nessas horas, querendo livrar o mundo de todo o mal e de todas as injustiças, ficam exaltadas e tomam posturas repreensivas - e até agressivas - contra aquele (que seria eu) que “não é capaz de entender” a condição de desfavorecimento por que passam determinados grupos na sociedade. É compreensível, mas nem sempre é justo - por mais que cada um tente demonstrar que tem suas razões. Isto porque os indivíduos não têm como viver as mesmas experiências e, portanto, não têm como pensar exatamente da mesma maneira, nem em relação aos acontecimentos sociais e nem em relação a como elas percebem determinadas expressões e palavras de sua língua nativa.


Etimologia e conceitos


Assim, para me esquivar dos “achismos”, resolvi pesquisar mais sobre o assunto e, entre sites “amigos” e “inimigos” da palavra, encontrei uma boa carga de informações que, no final das contas, rejeita a lógica sobre o suposto racismo imbuído nela (não na sua origem, que é muito imprecisa), mas em como, de fato, é percebida hoje - que, na verdade, é o que nos interessa. 


Friso que as pessoas têm uma visão errada sobre etimologia: elas entendem que podem ou não justificar a pertinência de uma palavra através dela (a etimologia) sem se dar conta de que não sabem a origem de grande parte dos outros termos que são utilizados por elas mesmas no dia a dia e nem todo o processo que cada um passou até se transformar no que é atualmente. Mas ainda assim, quando alguma palavra incomoda, busca-se na etimologia algum meio para legitimar sua invalidade. 


Em tempo, etimologia, para quem não sabe, é o estudo da origem e formação das palavras (do grego: étimos = verdadeiro e logos = estudo).


• Segundo o Dicionário Etimológico online:
Denegrir: vem do termo latino denigrare (informação constante também no Novo Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro [Lello & Irmão - Editores, 1960]) que é composto pela junção das palavras de e niger, que significam mais e negro, respectivamente. Já o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de Antônio Geraldo da Cunha (Lexicon Editora, 2010) não dá esse tipo explicação, porém, registra niger como tendo origem no séc. XIII e denegrir no séc. XVIII. 


• Segundo o dicionário online Dicio
Denegrir: V.t.d. e v.pron. Obscurecer ou obscurecer-se; fazer ficar mais negro ou escuro. Reduzir a transparência de; manchar-se. [Figurado] Denegrir; manchar a reputação ou difamar. 


• Segundo o dicionário impresso Aurélio: 
Denegrir: V.t.d. 1. Tornar negro, escuro, enegrecer, escurecer. 2. Fig. Macular, manchar. 3. Fig. Desacreditar, desabonar, infamar. 4. Tornar-se negro, escuro, enegrecer-se, escurecer-se. 


O conceito original de denegrir, portanto, seria tornar escuro / ou negro ou escurecer-se e, como sentido figurado, os conceitos de cunho negativo, como difamar, por exemplo (que vieram depois).


É interessante observar que, além da possibilidade de ter mais de um significado (condição polissêmica), com o passar do tempo as palavras vão tendo esses significados transformados (variação diacrônica) a ponto de até perderem sua relação com o termo original (como armário, por exemplo, que antes era o lugar onde se guardava armas e, hoje, usamos habitualmente para guardar nossas roupas ou outros apetrechos).


No caso de denegrir, o significado que acabou prevalecendo foi o de manchar, difamar que é o sentido figurado - e não o denotativo. Constato isso porque nunca vi ninguém utilizar denegrir designando escurecer. Nunca presenciei, por exemplo, uma cabeleireira dizer “Vou denegrir um pouco seu cabelo. Vai ficar chocante!” ou algum artista plástico falar “Nesta pintura, vou denegrir mais o céu. Vai ficar uma noite linda!”.


Portanto, quando as pessoas, de fato, falam que vão escurecer ou enegrecer, utilizam estas palavras (escurecer ou enegrecer), mas nunca denegrir, porque o significado predominante para este termo na cabeça dos falantes, hoje em dia, é o depreciativo difamar. A correlação entre a ideia de escurecer e manchar ao mesmo tempo foi o que originou o significado pejorativo de denegrir (quando se suja alguma coisa ou essa coisa apodrece - o que pode ocorrer numa roupa com nódoa, numa parede com mofo ou numa fruta estragada -, normalmente, fica escura), porém, quem usa a palavra no dia a dia, o faz sem estabelecer associação com raça alguma, exatamente como se utilizasse, por exemplo, as equivalentes difamar ou depreciar. É uma questão de adequação: a todo instante agimos dessa forma, falando palavras que nos parecem apropriadas em determinados momentos - ou que conseguimos lembrar - e, depois, utilizamos outras palavras por esses mesmos motivos.


Quem condena denegrir, no entanto, o faz porque estabelece uma relação direta entre escurecer (que não é ruim) e difamar (que é ruim) e, ao mesmo tempo, associa à idéia de raça (vinculando a palavra niger à cor da pele negra). Em nenhum momento, porém, as definições dos dicionários indicam essa relação entre significado e raça/etnia, mesmo porque, quando se clareia ou se escurece alguma coisa, isso não tem obrigatoriamente nenhuma relação com a raça de ninguém. Apenas existe uma coincidência de a raça negra ter pele escura e a raça branca ter pele clara e determinados fenômenos e processos da natureza também serem escuros ou claros (e, em dadas circunstâncias, eles parecerem positivos ou negativos, mas não dá para se culpar a natureza por isso). 


Palavras não pensam


Outra coisa que é importante entender: palavras não encerram ideias. Palavras possuem significados (algumas, até vários), mas para encerrarem uma ideia ou pensamento elas precisam estar dentro de um contexto apropriado. E preconceitos só podem existir a partir de ideias e de contextos. Falar uma palavra como maconha não diz se eu já tive experiência, se eu nunca usei, se eu gosto dela ou se eu a condeno. Eu precisaria dizer algo como "Detesto maconha" ou “Adoro maconha” e aí você saberia o que eu penso a respeito. E, justamente, por esse tipo de motivo, a Lei pode (ainda) mandar prender alguém por porte de maconha, mas nunca poderá fazer o mesmo apenas porque esse alguém mencionou o termo. Nesse caso, para estar em desconformidade com a Lei, seria necessário se falar algo incitando as pessoas a seu uso, por exemplo (e, ainda por cima, teria que ser uma coisa pública). 


Existe um ramo da Linguística chamado Pragmática, que estuda justamente como as palavras se comportam dentro de um contexto, indo além de seu significado formal. Por exemplo: se um amigo chega pra você e diz “Olha, essa é aquela menina que lhe falei. Não é bonita?”. Você pode virar para ele e falar: “Linda...” com expressão de desprezo e dando a entender exatamente o contrário. 


Nesse caso você se utilizou de ironia para deturpar o significado original do termo e passar uma ideia de reprovação não se importando se sua postura iria ofender alguém (a palavra linda, nessa situação, manteria uma impressão original positiva se fosse falada de uma maneira positiva). Mas veja que quem fez isso foi você e não a palavra (simplesmente, porque as palavras não são capazes de se expressar por si mesmas - quem tem que fazer essa tarefa por elas somos nós).


Por isso, não faz sentido qualificar uma palavra como racista. Palavras não pensam, não falam e nem humilham ninguém. Quem humilha somos nós, humanos, empregando elas ou não. Essa responsabilidade sobre o preconceito e sobre a exclusão será sempre nossa e nunca da palavra (que é um ente amorfo, sem cérebro e incapaz de se manifestar por si - ao contrário de nós humanos). Assim, por mais que você possa insistir (erroneamente) que denegrir é um termo preconceituoso, você não pode incriminá-lo (acionando-o na Justiça) e nem prendê-lo, pois isso (como no  caso da maconha) só pode ser feito com pessoas - e pessoas imputáveis, diga-se de passagem.


Veja que quando abrimos um dicionário encontramos dentro dele uma infinidade de verbetes com seus significados. Mas não precisamos nos ofender porque lá podemos nos deparar com denegriramarelar ou alvejar. Todos estes termos fazem referência a cor e possuem também algum tipo de conotação negativa, mas em nenhum momento seus conceitos estão relacionadas a raças. Essa suposição de que quando se fala em cor se fala também em raça é uma pretensão nossa.


E a gente precisa entender que nenhuma raça tem propriedade sobre a cor que a caracteriza. Do contrário, é como se achássemos que na Terra surgiu primeiro o homem e, depois dele, os outros seres vivos como os animais e as plantas - além do dia claro e da noite escura. Assim, o homem, já homo sapiens e dividido por raças, teria criado a discriminação, associando essas coisas “posteriores” (que têm relação com cor) às etnias de que não gostava (como a noite - com sua escuridão e toda a ideia de dificuldades que ela gera [à raça negra], a doença - com sua amarelidão [à raça asiática], e a apatia - com toda a sua palidez [à raça branca]). O certo é que as cores surgiram no planeta muito antes da vida - que dirá, da humanidade -, logo, nós não somos e nem jamais seremos donos delas. 


O poder da palavra

As palavras, de fato, têm poder, só que um poder definido por seus significados - os quais a gente mesmo delegou. Um poder que existe, exclusivamente, quando a gente entende o conceito da palavra. Porém, a utilização dos termos de forma a manter, enaltecer ou até a inverter sua significação (utilizando-se de ironia, por exemplo [olha a pragmática aí]), é quem vai ajudar a definir o que nós queremos comunicar.


Mas ainda assim, achando que as palavras, por si sós, têm poder, em certos casos, tentamos aniquilá-las ou, pelo menos, suavizá-las, diluindo assim sua impressão negativa, como em certas circunstâncias fazemos, por exemplo, através dos eufemismos. E, utilizando eufemismos é que acabamos por criar bobagens como essas abaixo:

• Acho que vai chover: o céu está cheio de nuvens afro-descendentes (negras). 
• Semana passada, Ronaldinho ficou asiático (amarelou) no jogo do Brasil. 
• Me ferrei na prova de ontem: deu caucasiano (branco) na cabeça. 

É claro que essas frases não existem. Isso é só pra exemplificar que quando a gente quer, pode criar qualquer coisa que sirva para debochar de certas características alheias, mesmo que de forma branda com o uso de eufemismos, ou de maneira mais sarcástica, com o uso da ironia - ou com qualquer outra figura de linguagem, por mais estúpido que isso pareça. 


No fundo o que nos deve ater nas palavras não é sua morfologia (como são compostas), e muito menos sua etimologia (como se originaram), mas o seu conceito atual (semântica). Veja que as pessoas pouco se importam se aquário vem de aqua e se piscina vem de pisces. Elas vão continuar colocando seus peixes no aquário e tomando banho na piscina, sem se incomodar se seus significados originais não remetiam a esses fins (mesmo porque, dificilmente, elas vão ter contato com esse conhecimento) - e isso não vai afetar suas vidas em absolutamente nada. 


Os termos "chulos" 

Outra comparação interessante pode ser feita com palavras de baixo calão (ou, simplesmente, calão), os chamados palavrões. Termos como puta e pica, ditos isoladamente, soam um tanto grosseiros porque remetem a conceitos não muito elegantes que imediatamente nos vêm à cabeça. No entanto, a depender da circunstância, podem não ter nenhuma relação com o que a gente imaginava.


Exemplos:


1 - Quando se fala "Ela é uma puta" se quer dizer, de forma grosseira, que aquela mulher é uma garota de programa. Mas se a gente disser "Ela é uma puta fotógrafa!", então estamos sugerindo que ela é uma grande profissional do ramo da fotografia (este é um termo, aliás, que, normalmente, soa indelicado, mas tem gente que o usa como aumentativo e jura estar se comunicando sem ser ofensivo). De forma similar, se você convida alguém para comer um macarrão à putanesca, ninguém fica imaginando que vai ser servido por uma garota de programa usando minissaia, salto alto e cinta-liga.

2 - O segundo termo, pica, tem vários significados formais, vide lista abaixo:
• Presente do indicativo do verbo picar.
• Unidade inglesa de medida igual a 1/6 pol (pica - pronuncia-se paica).
• Nome científico da ave passeriforme Pêga rabuda (Pica pica [do latim]).
• Nome vulgar de ave trepadora (pica-pau).
• Órgão sexual masculino (em linguagem chula).

Com certeza, para a maior parte das pessoas, o primeiro significado a vir na cabeça é o da última opção. No entanto, quando se fala uma frase do tipo "Ele pica o gelo com facilidade", imaginamos apenas que existe um rapaz que está acostumado a quebrar o gelo para servir no coquetel. Da mesma forma, quando alguém diz "Vou ligar a TV para ver o pica-pau", imaginamos somente que a pessoa vai assistir ao desenho de um inocente pássaro risonho e nada que seja além disso. E, da mesma maneira, quando falamos frases como "Este molho está picante", "Aquele cara é um picareta", "Nosso clima é tropical" ou "Não entendi picas", não fazemos nenhuma relação com erotismo apenas porque o vocábulo pica aparece no meio dos outros. 

O fato da grafia (ou fonética) não torna, necessariamente, os termos obscenos, inconvenientes ou humilhantes. Pica e puta se tivessem suas sílabas invertidas para capi e tapu já não teriam poder semântico algum pois não remetem mais a nenhum significado que a gente entenda. Essas supostas novas palavras capi tapu, na verdade, já existem, mas são praticamente desconhecidas no Brasil, logo, para nós, elas não fazem sentido (e, portanto, não têm força de expressão) - salvo se soubéssemos seus conceitos e estivéssemos familiarizados com eles. 


Então, seguindo essas lógicas, tente fazer essas reflexões:


1 - Se você acha que denegrir quer dizer escurecer, então não existe nenhum problema com a palavra pois, tornar escuro, por si só, não determina algo negativo. Fato. 
2 - Mas se você acha que denegrir significa depreciar, então é porque não acha que significa escurecer. Desse modo, não dá para fazer referência a raças pois, nesse caso em particular, não se está falando sobre cor nenhuma - a despeito de a palavra ter na sua etimologia os termos de+niger. Mas o fato de uma palavra ter uma semelhança fonética com outra (ou algum outro termo qualquer dentro de sua própria composição) não cria, obrigatoriamente, entre elas, uma relação semântica (como acontece com os já citados termos tropicalpicareta e pica-pau, de significados completamente distintos um do outro e desconectados do suposto radical). 
3 - Então, quando se fala o termo denegrir, ou se está querendo dizer escurecer (alguma coisa) ou se está querendo dizer depreciar (algo ou alguém [que pode, inclusive, ser uma pessoa de qualquer cor]), portanto, não há aí nenhuma correlação atual entre os dois significados - que são distintos entre si - e nenhuma relação dedutível com a raça de ninguém. 


2ª PARTE – PRETO OU NEGRO, EIS A QUESTÃO. 


Desde algum tempo veio à tona uma discussão questionando a pertinência dos termos negro e preto (um em contraposição ao outro) para representar raças. Se a gente pesquisa pela web nota a quantidade (que não é pequena) de artigos/reportagens que abordam o tema sendo que, nos quais, é possível perceber as diferentes visões, tanto do redator do texto, quanto dos possíveis entrevistados e até dos leitores (quando existe a opção de comentários nessas matérias). Não se chega a um consenso, mas a uma tentativa de se justificar os pontos de vista de cada um, que são diversos.  


Eu lembro que quando era (bem) mais novo, não se falava abertamente sobre preconceito racial, mesmo porque, estávamos numa época (no início da década de 1980) em que as pessoas tinham muito menos possibilidade de ter voz na mídia. Ao mesmo tempo em que eu tinha amigos e colegas de escola negros, andava com eles, frequentava suas casas, mas não tinha uma percepção consciente sobre fatos racistas porque não presenciava essas coisas de forma clara e, porque, para mim, enquanto branco, não havia essa possibilidade da discriminação (ou exclusão). 


Na aulas de história/geografia eram ensinadas as diferenças raciais a partir de denominações como mulatocafuzomameluco e caboclo, além de moreno e mestiço e essas coisas eram meio confusas na minha cabeça. Era mais fácil entender negro, branco, amarelo e vermelho, que seriam as "raças originais" que gerariam as outras misturas. Mas eu recordo que existia um certo melindre em se falar que alguém era negro porque não se sabia como cada pessoa se assumia e, portanto, se aquilo poderia ser ofensivo de alguma forma. Desta maneira, termos mais intermediários como moreno ou mulato eram mais aceitos. 


Após alguns anos, contudo, da dissolução do regime militar (1985), os movimentos estudantis e sociais ganharam mais corpo, ajudando a tornar mais evidentes as diferenças sociais e a expor as questões que estavam latentes na cabeça dos cidadãos. E passou a se falar mais em temáticas raciais. Naquela época (há mais de 30 anos), porém, eu lembro que havia pessoas negras que evitavam se assumir como tal e falavam coisas tipo "Preto não, eu sou moreno. Preto é fulano de tal...". Preto para raça, inclusive, não era um termo muito falado. Tempos depois, já se dizia o ditado "Negro era raça e preto era cor". Hoje, pessoas com diversas tonalidades de pele e diversos tipos de traços fisionômicos já se assumem como negros, pardos ou pretos. 


Mas existe a cor correta? 


Segundo opiniões coletadas nos diversos sites que abordam o tema, não - pelo menos, para os termos preto ou negro enquanto denominação de raça. Eu, na condição de branco, falando apenas de cor e não de raça, tenho o termo negro como algo que soa mais denso, simbólico e enfático do que preto - que me parece apenas designativo de cor pigmento/ausência de luz. Para mim, a noite, por exemplo, é negra (e não simplesmente preta) porque traz uma carga de mistério e de possibilidades que não são próprias do dia claro - mesmo que, de modo contrário, o escuro da noite também traga insegurança e problemas de visibilidade, por exemplo. 


Pardo, que me parecia um termo mais recente, (segundo a matéria deste link) já vem desde a escravidão e, atualmente, é rejeitado por uma parte dos negros por ser entendido como cor de papel. Olhando por essa ótica, minha cor (branca) também seria cor de papel (e essa coincidência não me ofende), por isso, esse argumento me soa sem validade, mas é fato que o autoentendimento como pardo mostra que há pessoas que se assumem como miscigenadas - o que para elas, portanto, é uma realidade. Mas eu concordo que pardo, por si só, não parece um termo bonito. 


Ainda em cima do tema da autodeclaração, não dá para acatar a ideia de que um relacionamento entre um homem negro e uma mulher branca, por exemplo, aconteça apenas por um motivo de enbranquecimento de raça - o que simbolozaria uma forma de o indivíduo (como dizem alguns) rejeitar sua parte de ascendência preta. Mais que isso, para mim, é uma maneira de assumir as duas partes, a preta e a branca, reconhecendo que sua origem está na mistura e que isso não implica em problema algum no quesito autoidentificação, em capacidades ou até em dignidade


E se é verdade que há um clareamento por um lado, em contrapartida há um escurecimento pelo outro. O resultado desse relacionamento, óbvio, será o de uma pessoa miscigenada (ou qualquer outro termo que preferirem). Mas por uma questão de justiça às suas origens (mãe e pai), para este caso, o correto é que o descendente desse relacionamento se autodeclare pardo mesmo. Como a sociedade vai se relacionar com esse indivíduo não-branco já é uma outra questão. Mas é possível, sim, existir uma relação de amor verdadeiro entre duas pessoas de raças diferentes e que não seja apenas pelo motivo unilateral (e autorracista) de uma suposta diluição de cor. 


O colorismo 


O colorismo é uma maneira de se enxergar o indivíduo através das diferenças de cor de pele, sendo um dos responsáveis pelos graus de inclusão/exclusão social. As pessoas que discriminam, normalmente, não conhecem esse termo, mas, mesmo sem perceber, utilizam sua essência (do colorismo) para definir que tipo de relação irão ter com os outros indivíduos. Dessa forma, pessoas com diferentes tons de pele serão tratadas de diferentes maneiras e terão diferentes oportunidades dentro de uma mesma sociedade. 


Mas é fato que essas diferenças de cor existem, as diferenças de percepção social também existem e, também por causa dessas coisas, surgem os termos definidores de raças e suas variações como amarelo, branco, vermelho, preto, pardo, negro, mulato, moreno, etc., e isso acaba tornando um tanto confusa a compreensão das pessoas sobre as questões de raça/cor. O IBGE, inclusive, tem o entendimento de que pretos e pardos são negros ou, para efeito de estatística, os Negros no Brasil são a soma de Pretos Pardos. Então, para esse contexto em particular, é de se supor que o vocábulo negro seja mais um definidor de raça/etnia e não apenas um definidor de tonalidade e se aplicaria, no país, portanto, a todas as pessoas de pele escura + suas variações. 


E só a título de curiosidade: em Design costumamos utilizar muito dois padrões de cor: O CMYK (Cyan, Magenta, Yellow e blacK - também conhecido como "Cemic") e o RGB (Red, Green, Blue - chamado de RGB mesmo). O primeiro corresponde às cores impressas a partir de pigmento. Com a soma de suas quatro cores básicas e dentro dos diversos meios de impressão (offset, serigrafia, digital, etc...) conseguimos reproduzir praticamente todos os matizes existentes na natureza. O mesmo se dá com o RGB, que diz respeito a cor-luz. O RGB é o padrão que utilizamos nos monitores de computador, TV e celular (e é quem está permitindo a você ler este artigo agora) e que consegue ainda mais variações de cor que o CMYK. Mas enquanto que no RGB quanto mais se intensifica a luz, mais se clareia, no CMYK quanto mais se coloca pigmento, mais se escurece. Existe uma cor impressa, inclusive, que é a soma de todas as cores pigmento básicas e que se chama preto supersaturado. Utiliza-se esta cor na gráfica quando, ao invés de se imprimir um preto puro (que não é muito intenso), se quer um preto mais acentuado (sendo o seu equivalente em cor-luz o RGB (0,0,0), que simboliza a ausência total de luz). Este é o tom que representaria a cor da noite (por exemplo) com mais fidelidade, e ao qual eu (além de muita gente) chamaria de negro por ser mais profundo do que o preto puro. Para a classificação do IBGE, no entanto, essa lógica não se aplicaria, pois quando passa a se falar de raça, entram outras variáveis e esse assunto deixa de ser puramente uma questão de cor. 


Variantes como moreno e mulato ficam no meio do caminho na condição de serem ou não bem vistas pela população negra, porque isso é muito particular. Tem gente que não se incomoda com elas enquanto outros as repudiam veementemente. Da mesma forma como quando se tenta ressignificar os termos negro e preto e isso acaba caindo em controvérsia (como é possível se perceber nos links de referência no final do artigo) com pessoas se assumindo como negras sem problema algum e, outras, delegando ao termo um ódio absoluto. 


Vale recordar que o colorismo (assim como as palavras - e a própria discriminação) não existe por si só. Ele precisa que existam pessoas que, por sua vez, o façam existir e se manter. Aliás, eu questiono até se o fato de classificar as pessoas por cor já embute nisso uma postura colorista ou se é apenas uma categorização necessária para que, pelo menos, por enquanto, se reconheça direitos e se faça justiça com quem foi excluído socialmente durante séculos. 


Lembro, também, que não existe raça humana (como, romanticamente, se costuma dizer - e como, inclusive, já cantou Gilberto Gil) mas, sim, espécie humana. Nossa espécie, inclusive, dentro da classificação taxonômica correta, seria Homo sapiens sapiens por ser considerada uma subespécie da espécie Homo sapiens e se aplica a todas as pessoas vivas hoje, indistintamente. É possível haver raças humanas dentro da espécie humana, porém, até essa definição é questionada pela biologia que alega que não existem diferenças substanciais para que seja possível se classificar essas variações humanas como raças (mesmo que a gente entenda que existem diferenças fenotípicas perceptíveis e que estas se perpetuam em cada "grupo racial" indefinidamente). Mas, para nós, acredito que vamos continuar nos classificando dentro destas divisões raciais por um bom tempo. 



3ª PARTE - CONCLUSÃO (se é que isso é possível)


Enquanto as pessoas acreditarem que as palavras são as causadoras dos problemas - e não uma consequência de nossas vontades -, ainda vai se ficar muito tempo discutindo termos. Veja que há umas quatro décadas, uma parte daqueles que provinham de descendência afro, tinham dificuldade em se assumir negros. Pouco tempo depois, quando passou-se a discutir sobre problemáticas raciais de forma mais aberta, viu-se muito mais gente assumindo visivelmente sua identidade racial usando cabelos de forma mais natural, roupas com temáticas afro, além das camisas tipo "100% NEGRO", e isso tudo, também, por um viés de reivindicação. Agora (na década de 2020), com base em diversos pontos de vista, questiona-se, paradoxalmente, se o termo negro é cabível ou não para denominação de raça. 


Um dos argumentos que li a respeito da dobradinha negro x preto é que, trocando a palavra negro por preto, se dissociaria a população negra da aura de escravidão que se abateu sobre ela durante centenas de anos - desvalorizando, humilhando e matando pessoas que, em sua maior parte, não tinham como se defender. Segundo quem defende esse argumento, isso ajudaria a desconectar o termo negro do termo escravo (que hoje se transformou em pessoa escravizada). Nesse caso, os negros, pelo menos aqui no Brasil, seriam agora denominados de pretos. O problema desse argumento é que isso não apagaria o que aconteceu no passado. A escravidão sobre os negros, dentre outras coisas, continuaria a existir na história. E isso não tem como ser dissociado simplesmente se alterando a denominação.


Para não dizer que, quando alguma pessoa negra fala que sente orgulho de sua cor é porque sente orgulho (no sentido positivo da palavra) da história de luta e resistência pela qual passaram seus ancestrais. Mas se a gente desconecta a raça (negra) de sua história, esse referido orgulho não faria mais sentido porque não tem nexo alguém sentir orgulho de sua cor apenas pela cor em si (já nesse contexto, uma cor sem passado). De outro modo, se faz sentido sentir orgulho apenas pelo tom da pele, qualquer raça de qualquer cor pode dizer que se orgulha pelo mesmo motivo.


Vale ressaltar, além disso, que na história de nosso planeta, sempre houve problemas de opressão de um grupo por outro, e não só entre raças diferentes, mas, também, entre indivíduos da mesma raça (incluindo, na mesma sociedade, porém, com objetivos, necessidades e/ou viéses ideológicos diferentes - como, por exemplo, aqui no Brasil no período da ditadura militar), com luta, resistência e muito sangue. Então, sob este ponto de vista, qualquer um pode se orgulhar (ou se envergonhar) de seus antepassados, a depender de que ponto da história se foque. 


Um segundo argumento viria da etimologia e diz que: 
1 - Negro, por derivação, viria de nekrós, palavra grega que quer dizer morto. Mas, segundo pesquisei, essa possibilidade é muito pouco provável.
2 - Outro, de que negro viria de nigru, suposta palavra também grega que quer dizer inimigo (porém, não encontrei nada que respaldasse isso. No máximo, que negro pode vir do latim niger/nigra/nigrum - sendo mávros seu equivalente direto em grego e mélanos o equivalente em grego para preto). E, ao que parece, inimigo em grego é echthrós (eu não posso afirmar, porém, como era exatamente essa palavra no passado no momento em que o termo negro surgiu para o português) - sendo inimicus seu correspondente direto em latim. 


Uma terceira consideração seria a de que em inglês (principalmente nos EUA) o termo nigger (equivalente direto para negro) é bastante repudiado, sendo entendido como uma grande ofensa. O termo black (que seria o análogo de preto no nosso português-brasileiro) é o termo mais aceito para a denominação da raça negra por lá. Mas nem sempre o que é bom para os Estados Unidos é (obrigatoriamente) bom para o Brasil, concorda? Simplesmente, porque o processo diacrônico de transformação de uma palavra se dá de maneira diferente para diferentes regiões - como neste caso. Quando um termo evolui para uma coisa em um país, não necessariamente evolui para a mesma coisa em outro, portanto, o que ele (o termo) passa a ressignificar para os falantes de um local, provavelmente, será diferente para os falantes de outro local - inclusive porque, não tem como cada um copiar a realidade do outro. 


Ressignificar, aliás, é uma boa saída para se questionar o preconceito. Negrada, segundo os dicionários online, além de denominar um "grupo de negros/pessoas de raça negra", também tem como significado "grupo de pessoas desordeiras" - além do igualmente depreciativo negralhada. No entanto, um grupo de estudantes e professores da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) criou, desde 2012, uma associação denominada Coletivo Negrada para combater o preconceito contra negros e minorias dentro da universidade. Uma palavra (negrada), que tinha então, uma conotação negativa, apenas por uma questão de reinterpretação se tornou representativa de algo bom (e isso é bom porque demonstra que tratar as coisas de uma forma positiva, depende primordialmente de nossa vontade).


E, assim, essa ressignificação pode se suceder com qualquer palavra de qualquer língua, o que confere aos termos, em geral, um caráter semântico não-permanente - um caráter que depende, exclusivamente, de nossas escolhas, do tempo, e dos acordos de aceitação inexplícitos dentro de nossa comunicação verbal.


Acredito, desse jeito, que a discussão entre preto e negro ainda vai durar um tempo, principalmente se a gente considera que coisas relacionadas aos movimentos negros como o Dia da Consciência Negra, Novembro Negro, sites como Mundo Negro e OPN, além de nomes artísticos e de grupos musicais, etc., que utilizam o termo negro (e derivações), seriam meio complicados de se alterar e acabariam ficando deslocados se este termo deixasse de ser representativo de raça (e, porventura, adquirisse uma conotação negativa) para ceder lugar a preto


Mas é certo que: 


1 - Se negro continuar denominando raça, a palavra denegrir ainda vai permanecer por um tempo com o estigma de "palavra racista". 
2 - Se, de outro modo, a palavra preto prevalecer, então, denegrir deverá perder de vez esse estigma porque se a raça negra se tornar raça pretadenegrir (composta pelos termos de+niger) deixará de ter um termo em sua composição (niger) que pode ser associado a uma raça (que seria a negra antes de se transformar em preta). Denegrir, então, continuará com seus atuais significados "enegrecer, escurecer-se" e também "difamar, depreciar", porém, sem a aparente relação com raça que tinha antes e, em consequência, desprovida do suposto caráter discriminador existente nela. 


Quando se trata de expressões, em contrapartida, como "preto de alma branca", “cabelo de Bombril” e “serviço de preto” (dentre várias outras), estas, de fato, são manifestações racistas porque representam pensamentos prontos (de depreciação, comparação de valores, estigmatização, etc.), algo mais complexo que o simples conceito de um vocábulo qualquer (isso será abordado de forma mais abrangente em outro artigo) e o preconceito contra raças (assim como contra etnias [que englobam outras variáveis além do aspecto físico/fenótipo como origem, costumes, religiosidade, etc.], preconceitos de gênero, preconceito contra homossexuais, estrangeiros, religiosos e pessoas carentes, dentre outros) deve ser evitado e fortemente combatido.


Mas é certo que não se combate o preconceito crucificando palavras, mesmo porque preferências, gostos e desgostos não precisam delas para existir. Na natureza os animais fazem suas seleções sem precisar da fala (que eles não entendem e que só existe através das palavras, cujos significados são uma atribuição exclusivamente nossa), e nós, pessoas, basta que queiramos, podemos nos expressar positiva ou negativamente (e de maneira deliberada), simplesmente nos utilizando de recursos alternativos como gestos, expressões faciais, linguagem de sinais ou seja lá o que for, sem necessitar de uma palavra sequer


O que nós devemos entender, então, é que mesmo sendo humanos cheios de defeitos e tendo diferenças, os nossos direitos têm que ser sempre iguais e as oportunidades, pelo menos, semelhantes, independentemente da raça/etnia à qual a gente pertença e, isso, serão nossas condutas que irão definir e não as palavras. E, finalmente, que nossa comunicação pode ser paciente e respeitosa, bastando, para isso, que procuremos utilizar termos e expressões na forma adequada ao seu contexto e, ao mesmo tempo, nos abstendo de fazer interpretações fantasiosas sobre o que nos é falado, o que evita, inclusive, crucificações.


Agradeço pela sua leitura. 
Forte abraço. 



Referências e leitura complementar: 


Negro e racismo 
• Gramatigalhas - Negro – é pejorativo e racista? 
• Literatortura - Língua, racismo e outras coisas perigosas 
• Linguasagem - A linguagem politicamente correta 
• Ao redor da linguagem - Quando a intenção é só doutrinar 
• Geledés - 13 expressões racistas que devem sair do seu vocabulário 
• Galileu - Você é racista - só não sabe disso ainda 
• Conexão Cotuca - Palavras que discriminam: discutindo o preconceito 

Negro ou preto? 
• Preto, pardo, negro: qual o termo correto? 
• Quem tem medo da palavra negro 
• Mídia Ninja - Negro ou Preto? Eis a questão 
• Negro ou preto  
 A palavra negro pode ter nascido no escuro da noite 
• Negro ou preto? Lideranças negras refletem sobre o uso dos termos 
• Negro ou preto: ofensivo ou natural 

Palavras e cor 
• Palavras que mudaram de sentido
  
• Historiadora defende que mulato não vem de mula 
• Cor luz e cor pigmento 
• Facebook - Nomes científicos - Negro é inimigo, Babu? 
• Descubra 35 falsos cognatos em inglês 
• Arquivo Nacional - Mulato 
• Wikipedia - Mulato  
• Wikipedia - Negro 
• Wikipedia - Nigger 
• Figuras de estilo ou linguagem 


Raça e dados 
• IBGE - estatística - cor/raça 
• Grupos distorcem estudos: não existem raças humanas 


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Luiz | 02/11/2023 | Comentário 1
Texto muito bom e elucidativo. Parabéns.
Olavo | 27/10/2023 | Comentário 2
Não custa nada olhar no dicionário para saber se uma palavra é realmente racista, em vez de ficar acusando...
DORVAL FAGUNDES | 23/08/2022 | Comentário 3
João Taboada, sou tradutor, revisor e gerente de redação de uma editora, muito raro encontrar um texto tão claro e convincente. Agora há pouco me deparei com uma repórter da Globo sendo lacrada pelo âncora sobre o uso dessa palavra. Ela foi obrigada a pedir desculpas em público. Horror! Teu texto salvou meu dia. Eu não estava conseguindo encontrar os argumentos certos na minha mente contra essa violação dos direitos de expressão (quando o falante não usa linguagem claramente preconceituosa, como é o caso da pobre repórter). A tua lógica é imbatível. Não tenho nada que dizer contra, só a favor. Deus te abençoe hoje e sempre.
Sentinela | 29/05/2022 | Comentário 4
Gostei!
Rubem Teodoro da Silva Junior | 28/05/2022 | Comentário 5
Ótimo artigo, e na verdade eu observo que quem vê racismo em tudo é racista!
Tânia Costa | 27/05/2022 | Comentário 6
Excelente texto!!!
Dei boas gargalhadas com os exemplos.Adorei!!!!
Daniele Rodrigues de Barros | 27/05/2022 | Comentário 7
Perfeito. Obrigada pela lucidez e clareza com que discorreu o tema. Será referência para o assunto em conversa com meu filho.
Paulo Henriqur | 25/05/2022 | Comentário 8
Que texto incrível. Escrito com excelência, muito bem embasado e argumentado. E nem estou falando do tema. O texto é tão bem feito que chega a ser prazeroso lê-lo. Parabéns!
Rafael | 29/04/2022 | Comentário 9
Denegrir originalmente não tinha o sentido de difamar. Quando ela começa a ser usada dessa forma, é que o problema começa. Você sabe dizer desde quando ela assumiu esse significado?
Edna | 23/02/2022 | Comentário 10
Texto muito bem escrito e bem explicado. Só não en tende quem não quer. Vivemos sim em um País impregnado por um racismo estrutural, mas o que não podemos é transformar tudo em uma questão racista. Isso é exaustivo. Antes de ler isso eu já não via essa palavra como uma expressão racista, pois ela nunca teve em momento algum QQ relação com raça, etnia. As pessoas é que a transformaram em algo que não é. Pegaram o sentido de difamar, relacionaram ao tornar negro e fizeram a conexão com a raça negra. A palavra simplesmente tem dois significados totalmente diferentes que nada tem a ver com etnia. Fizeram uma salada.
      
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